Quem não conhece os Pastéis de Belém, são o arquétipo dos clássicos pasteis de nata e uma das maravilhas da Gastronomia Portuguesa, com produção desde 1837, anteriormente a fábrica era de açúcar e os pasteis eram vendidos na fábrica pelos monges do Mosteiro de Jerónimos em Belém.
A origem dos bolos é conventual, como diz a historia os monges e freiras precisavam de muitas claras para engomar os seus hábitos e com isso havia sempre muito excesso de gemas, perfeitas para usar em todo o género de bolos, doces e pastelaria, no caso dos Jerónimos os mais famosos eram estes pasteis de nata, a receita eventualmente foi comprada aos monges pela fábrica e esta começou a produzir os pasteis.
Sendo hoje em dia tão famosos por vezes o nome se confunde ou é sinonimo com pasteis de nata, muitas vezes uma pessoa diz que quer um pastel de Belém quando quer dizer que quer um pastel de nata, na verdade são praticamente o mesmo, mesmo que a receita de pasteis de nata dos Pasteis de Belém é bastante característica e distinta para podermos afirmar que é algo diferente que um típico pastel de nata.
Vamos então aos pasteis, tive de comprar uma caixa de 6 porque tem de ser, não se vai a Belém todos os dias, a grande diferença dos pasteis de Belém em relação aos de nata está na massa, o creme é suave e pouco doce o que pede por vezes um pouco de canela ou até açúcar em pó para dar um toque especial, mas o creme em si não é muito diferente dos outros pasteis de nata, aliás posso dizer que já comi cremes de nata superiores, a grande diferença está na massa que é muito característica.
A massa é dura, estaladiça e tem algo de rústico, ao trincar partem sempre laminas de massa com facilidade, o que não só cria uma textura única, mas dão um sabor e densidade que os outros pasteis simplesmente não tem e tudo junto se não é perfeição está perto disso, eu normalmente prefiro sempre comer dois, um simples e um com canela.
Então o que acho dos Pastéis de Belém? Eu adoro, no entanto eu já comi na minha vida pelo menos uns 100 por isso é difícil ser imparcial, também porque é um doce da minha infância, no entanto nem tudo é perfeito, os pasteis tendem a ser dos mais caros, e para mim tem menos recheio do que costumavam ter, o recheio também já não tem exatamente o sabor que tinham, o que parece que já fizeram ligeiras modificações a receita ou ao processo de produzir os pasteis (e não sou o único com a mesma opinião), acho que por ter menos creme, comer só um pastel é um pouco insuficiente, um pouco como os pequenos pasteis de nata da Aloma, em comparação os pasteis de nata da Manteigaria são mais baratos e tem bastante mais creme e como tal posso comer só um e fico satisfeito.
Também por fim a massa rústica dos pasteis de Belém não aguenta bem, passadas 24 horas os pasteis da Almona ou Manteigaria estão um pouco mais moles mas deliciosos, mas os Pasteis de Belém perdem bastante a sua qualidade, a massa rústica perde todo o seu charme e fica com uma textura tipo borracha, logo não são grande coisa para comprar e dar como presente passado 1 dia, porque já não são a mesma coisa, também se forem postos na caixa ainda quentes é ainda pior e duram ainda menos tempo, são bons para comer no local ou passado pouco tempo.
Mas não vejam as minhas criticas como uma não recomendação, apenas estou a dar a minha opinião como ávido consumidor, eu adoro os Pasteis de Belém mesmo que acho que podiam ser melhores, por isso se gostas de docinhos e de pasteis de nata vale sempre a pena visitar a casa mãe dos pasteis de nata e comer um par de pasteis acabados de fazer com uma bica! Estão mais do que recomendados!